quarta-feira, 28 de junho de 2006

Presos pelo tempo... ou por nós próprios?


Para a esmagadora maioria dos meus amigos, façam ou não surf, os dias de semana, entre 2ª e 6ª feira, são apenas o intervalo entre 2 fins de semana. É durante o fim de semana que realmente as pessoas se sentem mais vivas, fazem o que mais gostam, e actuam mais de acordo com a sua própria personalidade, o que, naturalmente, faz com que se sintam mais livres, despreocupadas e felizes. Creio que é por isso que gostamos mais do fim de semana do que dos restantes dias, começando a ficar ligeiramente deprimidos quando o domingo se aproxima das 5 da tarde... Eu também costumo "sofrer" com esta realidade, passando normalmente a semana toda à espera do fim de semana... E creio que "sofro" mais, porque à 2ª feira tenho a tendência, talvez masoquista, eu sei, de assim que chego ao escritório, ir à net ver como está o mar, e não resistir a olhar para sábado, mesmo sabendo que "ainda é cedo para previsões", como acertadamente diz um grande amigo meu. Toda esta realidade contribui seguramente para aumentar a ansiedade com que todos vamos vivendo de 2ª a 6ª, e aposto que este cenário não é de todo inocente quando se fala em stress...
Vem tudo isto a propósito de um e-mail que recebi esta semana sobre o Dalai Lama e de uma conversa que hoje tive com uma amiga, também surfista, mas que esta semana está bastante stressada, apesar de viver perto do mar, apesar de poder ver e absorver a sua energia quase todos os dias. Para mim a energia do mar é realmente muito tranquilizante, não só porque me acalma, mas também porque me permite "ver" com maior lúcidez, o que frequentemente me ajuda a tomar decisões que, julgo eu, são mais acertadas para a minha vida, tanto pessoal como profissional. Junto do mar tudo me parece bem menos complicado, é como se eu próprio tivesse outra energia, outra capacidade para enfrentar o dia a dia, mesmo quando não há ondas, mesmo quando só ficamos a olhar para a sua estática aparente. É sempre mais fácil dar conselhos do que enfrentar as nossas próprias dificuldades, mas de qualquer forma, isso não quer dizer que não se possa dar conselhos... O meu conselho para ti SurfistaPrateada, é... vai ver o mar! Já agora, se puderes, antes de ires dá uma vista de olhos no que diz o Dalai Lama.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Os amigos e o Surf

Os bons e verdadeiros amigos são como o surf: podemos demorar algum tempo até o encontrarmos ou conhecermos, mas uma vez que isso acontece, fará parte da nossa vida para sempre!!!
Parabéns amigo!

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Estados de Espírito

Existem apenas duas formas possíveis de sair do mar depois de uma surfada:
Feliz ou Muito Feliz!!!

O metro, o metrinho e o metrão

Apesar das previsões anunciarem ondas “grandinhas”, resolvi ir à praia na mesma, apesar de ser pouco experiente na matéria do surf e da ondulação. Os “meus responsáveis” ensinaram-me que um verdadeiro surfista deve sempre ir à praia, nem que seja para olhar o mar.

Tenho o privilégio de sair do trabalho e estar na praia em cinco minutos…Litoral Alentejano…tem destas coisas! Olhei o mar e achei por bem não entrar…Para mim merecia respeito e pensei que fosse mais proveitoso admirá-lo do que usufrui-lo! Mas por insistência do meu professor, que me colocou no sitio certo e me deu as indicações correctas, lá fui…”Está metro…metrão…”

Não percebo (ainda) porque é que todos os surfistas têm como referência apenas o "1 metro". Estava metrão…Não seria mais fácil dizermos a medida mais ou menos exacta?! Até porque, quando realmente faço umas ondas, que para mim até são significativas, falam-me em metrinho… :(

Mas tenho que me convencer que a medida de grandeza de um surfista é esta mesmo, pelo que o meu objectivo, assim sendo, será de facto surfar um “metrão”… a ver vamos…

quarta-feira, 21 de junho de 2006

O Surf e o resto

Começo a escrever 1 hora antes do início do Portugal - México de hoje. Desde manhã que não se houve outra coisa, as notícias na rádio, os comentários matutinos dos colegas, até as cores que algumas colegas hoje trazem, aludindo claramente à sua repentina devoção patriótica, tudo, mas tudo, passando pelo restaurante habitualmente cheio à 1h da tarde, e que hoje, estranhamente está vazio, seguramente muita gente irá "almoçar" mais tarde... enfim, o jogo de facto domina as atenções e o país parece que vai parar, ou pelo menos abrandar. Pessoalmente, e com muita pena, não poderei ver o jogo, é certo que por razões bem mais importantes que as profissionais, pois vou com a minha filha ao médico. Mas a verdade é que tanto amor patriótico repentino, que nasceu com o Euro e com Scolari, honra lhes seja feita, deveria ser aproveitado para acções que contribuíssem mais para o país do que, simplesmente, beber cerveja e fazer gazeta ao trabalho... com toda esta loucura, com todas as conversa a girar à volta deste tema, eu, durante a hora de almoço, lembrei-me de como seria bom dar um pulo até à praia durante a hora do jogo, para aproveitar a loucura instalada e dar uma surfada descontraída e sem crowd... pois é... depois acordei desse sonho... porque muito provavelmente não haveria tão pouco crowd assim, seguramente haverá alguns loucos, que o são todos os dias, não apenas em dia de jogo, e que frequentemente abandonam as rotinas e os circuitos "normais" para dar azo à sua insanidade e patriotismo surfando as ondas portuguesas. Quando hoje à tarde, vindo dum estranho e profundo silêncio instalado na capital e no país, se ouvir um estridente e sonoro gooooooooolo, eu embarcarei na felicidade colectiva, comemorando os feitos lusitanos, mas ao mesmo tempo, pensarei em ondas e surfistas que não estão a partilhar essa alegria quase geral, porque o mar, no seu imenso poder, lhes absorve os sentidos de toda e qualquer outra sensação, deixando-os entregues a uma alegria muito própria, proporcionada pelo prazer de estar no mar, difícil de descrever, mas nem por isso menos intensa que outras, mesmo quando partilhadas simultaneamente por quase todos!

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Os responsáveis...


Há cerca de um mês atrás um amigo meu, um dos responsáveis por eu ser (ou pretender ser) surfista, enviava-me uma foto que mostrava o que tinha sido para ele um grande dia de surf, aquela foto, daquela onda, que nos faz sorrir cada vez que pensamos nela. Lembro-me que na altura o questionei, se algum dia iria ter uma foto daquelas, ou mesmo não tendo, se iria conseguir ultrapassar todos os meus medos do mar e sentir o mesmo...sorrir estupidamente porque fiz "aquela" onda!

Tenho a sorte de ter outro amigo, responsável também por esta minha nova aventura, que vai registando os momentos inesquecíveis pelos quais tenho passado no mar....e foi ele que registou esse momento. Apesar de não parecer, o mar para mim merecia respeito, mas eu com a furia de querer vencer esta barreira, de querer fazer mais e melhor, aventurei-me e consegui ter aquele que foi o meu dia de surf! :) Acredito (e já tive a prova) de que muitos outros dias virão, iguais e melhores que este...mas este foi especial, porque foi o primeiro...

Outro dos responsáveis, o responsável pela minha evolução, afinal é ele que me ensina, quase diariamente, como fazer mais e melhor, é o meu professor, que nesse dia me disse "Hoje brilhas-te em S. Torpes"...

A onda só eu a posso sentir, só eu a relembro, mas o registo desse momento orgulho-me de partilhar com todos...

terça-feira, 13 de junho de 2006

Origem

Este primeiro texto é naturalmente sobre surf. E sobre a origem do mesmo na minha vida.
O surf desempenha, desde há largos anos, um papel importante na minha vida.
Primeiro como uma simples paixão de miúdo, que gostava de praia, adorava o mar, apanhava umas carreirinhas quando havia ondas, e, maravilhado e curioso, observava atentamente as linhas desenhadas por quem surfava a sério!
Mais tarde, com 14 ou 15 anos, esse miúdo trabalha durante o verão e consegue comprar uma prancha, uma Semente 6"2 twin-fin em 2ª mão, com mais fofos do que os que há em Belas... um amigo de um amigo tinha alta prancha, enfim, era de facto a melhor, visto que não conhecia mais ninguém a quem comprar uma... e lá vai todo contente de férias para Sagres, gastar o que sobrou da massa acumulada no trabalho de férias. Nessa época o surf resume-se a uma ou duas semanas por ano, no verão em Sagres, ou esporádicamente em Carcavelos, visto que de transportes se demorava mais de 1h30m para esta praia da linha, que apesar de tudo era a mais perto de casa, além de que não haviam surf reports nem internet como agora... algumas espumas por ano eram assim o contentamento da época.
Os anos passam, a evolução é lenta, mas a paixão continua.
Já na universidade, após adquirir carro e já menos miúdo, troca de prancha, uma Polen 6"2 ainda em 2ª mão, e começa a ir mais frequentemente, isto é... pouco mais de meia dúzia de fins de semana por ano, que isto de ter 20 e poucos anos, andar a aprender sózinho e ainda por cima não ter companhia para ir lá tentar... bem, não existem desculpas, haviam também outras prioridades, é um facto, há que admitir! Resumindo, continuavam as espumas, em maior quantidade, mas ainda espumas! Além de que, entretanto, se acaba a boa vida da universidade e se reduzem as oportunidades para surfar, ou tentar...
Já a trabalhar e pelos 20 e tais a fora, surge a primeira prancha nova, uma Eukaliptus 7"2, trazida por uma grande amigo desde Bilbao, e que à época representava a esperança renovada, "isto com uma prancha maior é mais fácil...". Apesar disso, pouca evolução, ou nenhuma, pelo menos na área do surf. Namorada nova, amigos descobertos, locais por desbravar e o surf a esperar. Outras evoluções.
Mais perto dos 30 surge a revelação, um longboard, essa "arma" amiga da Heliosurfboards, em 2ª mão, mas que seguramente facilitaria a vida a um quase surfista desesperado. Surge ligeira evolução, sustentada em vários fins de semana em S. Torpes, linda praia desse alentejo que entretanto aprendeu a amar, e que é terra emprestada da namorada, entretanto transformada em cara metade. A verdade, no entanto, é que os anos e os kilos já não são os mesmos... pelo que, no final do verão de 2004, já com uma linda filha ao colo, concebida ao sabor e ao ritmo do litoral alentejano, e após tomada de consciência da incapacidade para sózinho resolver o assunto, surge a inscrição na fantástica Escola de Surf do Litoral Alentejano, com a consequente e tão esperada onda desde o princípio até ao fim. Essa onda, da qual me recordo em detalhe, foi feita em Outubro de 2004, e de facto, como a tantos outros, mudou-me a vida, aliás, centrou-me a vida, que é a palavra mais adequada.
Hoje, já com um longboard novo, que é a minha primeira prancha mágica, novamente da Heliosurfboards, tenho a minha vida condicionada pela responsabilidade profissional, mas centrada no que é realmente importante, a família e os amigos. Ao mesmo tempo, todos os dias programo a próxima surfada, provavelmente no fim de semana seguinte, se possível em família e junto dos amigos!
Esta é pois a origem do surf na minha vida, que a partir de hoje ganha uma nova actividade, a escrita mais ou menos regular, sobre surf.
Este primeiro texto é dedicado à minha recente companheira de escrita, que é também minha companheira no surf de há uns tempos a esta parte, mas que sobretudo é uma grande amiga de longa data, e que teve a brilhante ideia de criar este blog. Obrigado!

O início...

Março de 2006....
Num fim de semana igual a muitos outros, preenchido por um café aqui ou ali, o sol já espreitava, no litoral alentejano...
À saída da praia, depois do tal café, olhei para a minha amiga, e quase por telepatia, como é muito frequente em nós que já nos conhecemos bem, lembrámo-nos que seria interessante experiementar aquela sensação que há muito nos diziam ser única...o surf....
Assim foi...o início de uma paixão...para quem tratava o mar por você, com respeito, admiração e, tudo isto, sempre à distância....foi um bom começo...uma boa terapia....Uma primeira aula, de nervos, desconfiança, o mesmo respeito e ainda mais admiração...
Voltei na semana seguinte...uma nova aula...e outra...e outra....e mais outra...
Passaram-se três meses...
Como que por brincadeira, o destino encarregou-se naquele fim de semana, de me mostrar que o que eu pensava que iria ser uma experiência pontual, passasse a ser a minha nova paixão, o meu vício...
Continuo a ter o mesmo respeito, ainda mais admiração, mas o mar já me autorizou a tratá-lo por tu...

Essa admiração, fez-me criar este blog, para que a evolução desta paixão seja registada...