Há já 8 meses, desde o fim do verão, que vivo nesta localidade à beira mar plantada.
Nestas mais de 30 semanas, seguramente terei espreitado o mar na praia com o nome que serve de título a este post pelo menos 100 vezes.
Muitas das vezes pura e simplesmente não dava para surfar, pelo menos para mim, pelos menos até agora.
Ou porque estava muito grande e a fechar, ou porque não havia ondas, ou porque estava muito vento, ou porque, apesar de haver altas ondas, as rochas metiam muito respeitinho, sobretudo com a maré vazia!
Ontem, 06/05/2009 entrei pela 1ª vez de prancha no mar desta praia fantástica!
Devagar, devagarinho, guiado por um local que aqui surfa à quase 20 anos e que conhece intimamente cada calhau.
Até nisso esta praia é única, tem mais calhaus que locais... não contei os calhaus, são de facto muitos, alguns grandes e que ficam à vista mesmo com a maré cheia, mas a relação é fácil, existem 3 bodyboarders e 2 surfistas locais...
Apesar da maré vazia, fomos passando pelas rochas, eu e 20% dos locais desta praia, a remar com a naturalidade de quem sabe, torneando-as com facilidade. Creio agora que o facto de estar maré vazia, que cá de fora assusta bastante a quem vê as rochas com as garras de fora, acabou por facilitar, pois pelo menos sabia onde elas estavam!!!
Essa naturalidade que só um local tem transmitiu-me a confiança que faltava para remar com vontade para as belas direitas que quebravam na 1ª praia.
Após uma longa remada e alguns minutos sentado no outside a ouvir e a registar mentalmente os ensinamentos, localização de calhaus, localização do pico com esta direcção de swell, canal, cuidados em cada tipo de maré, etc, já só queria era apanhar uma onda e soltar a adrenalina.
A primeira foi à cautela, uma das médias, metro, drop tranquilo, só a cortar, sempre com os olhos virados para as pedras no fim da onda, saindo da mesma antes que fosse tarde, isto é, muito antes de chegar perto dos calhaus.
Após meia dúzia de ondas mais ou menos iguais e com a confiança a crescer, entra o set e eu sentado sózinho no outside, uma série de pelo menos 3 ondas maiores a olhar para mim, só tinha de escolher qual queria...
Mandou a prudência de alguns caldos, e também de algumas pranchas partidas, que não me virasse logo à 1ª. Passou a 2ª e ainda aguentei, mas à 3ª, apesar das "borboletas na barriga", teve mesmo de ser, alto drop, controlado mas ligeiramente atrasado, e antes de completar o bottom já o sorriso era mais do que completo, rasgado de uma ponta à outra, aumentando ainda mais à medida que deslizava e que tranquilamente percebia que as ondas grandes rodeiam os calhaus, sem ser necessário sair da onda para evitar encontros de 1º grau... alta onda, alto drop!
A remada de volta ao pico foi feita de sorriso estampado no rosto, 8 da noite, o pôr do sol no horizonte, 20º de temperatura e a água a pouco menos, eu e o meu guia apenas, na companhia de algumas direitas e muitas rochas.
Mais meia dúzia e estava feita a 1ª surfada nesta praia que é tão tranquila apesar de tão bela, em que cheira a mar e a iodo, em que se passeia hoje e amanhã se seguem as pegadas de ontem!
Inesquecível!
